Santa Catarina de Bolonha (1413-1463)
Filha de Benvenuta Mamolim e de Giovani Vigri,
Catarina nasceu em Bolonha no ano de 1413. Foi educada na corte de Ferrara,
como dama de companhia de Margarida, filha de Nicolau III, marquês D’Este, a
serviço de quem estava seu pai como diplomata.
Aos
treze anos de idade, após ter ficado órfã de pai e depois do casamento de
Margarida com Roberto Malatesta de Rimini, Catarina decide-se pela vida
religiosa. Foi exatamente na corte de Ferrara, num ambiente moralmente
deturpado, que a semente da vocação religiosa germinou no coração de Catarina.
Deixando a mãe, uma irmã e um irmão, ingressou num mosteiro de Terciárias
Agostinianas (1427) aos catorze anos.
Era
uma comunidade fundada por uma grande dama de Ferrara, tia Lúcia Mascaroni que
na época a dirigia. Durante sua permanência na corte de Ferrara, Catarina
mantivera estreito contato com os Frades Menores da Observância no convento do
Santo Espírito, onde recebia a orientação espiritual que solidificou o seu
desejo de servir a Deus.
Percebendo
que a comunidade na qual ingressara não vivia com radicalidade evangélica sua
opção, sentia cada vez mais o anseio de que de comum acordo passassem a viver a
Regra de Santa Clara, e que tivessem a orientação dos Observantes, cujo
testemunho de vida sempre a impressionara. Com o apoio sincero e confiante da
senhora Lúcia Mascaroni, depois de inúmeras dificuldades e vicissitudes
motivadas por divisões internas do grupo de mulheres que viviam então no
Mosteiro Corpus Christi, mas por influência decisiva de Catarina, adotam finalmente
a Regra própria de Santa Clara. O Papa Eugênio IV, em uma bula de abril de
1431, enviou algumas Clarissas de Mântua para que formassem as componentes da
nova comunidade clariana, estimulando a exata observância da Regra no seu
primitivo rigor, atendendo assim às santas aspirações de Catarina e das suas
companheiras.
Depois
de algum tempo de aprofundamento neste estilo de vida - o que considerou como o
seu noviciado - Catarina professou em 1432, com dezenove anos, a Regra de Santa
Clara, pela qual tanto lutara. Catarina era de saúde muito delicada, mas
esquecia-se complemente de si mesma, impondo a si mesma os trabalhos mais
pesados e difíceis para poupar as demais.
Desempenhou
muitas funções a serviço de sua comunidade, entre elas a de padeira e de enfermeira.
Foi exemplar na humildade e na obediência, em meio a inúmeras tentações de
rebelião e de desespero, durante boa parte de sua vida em Ferrara. Era sempre
pródiga na caridade para com suas irmãs.
Dotada
de uma inteligência e de uma sensibilidade e perspicácia únicas, destacou-se
como grande escritora, poetisa, pintora e mística do renascimento italiano. Seu
estilo literário é original, precioso para o estudo da própria língua italiana
da época, no dialeto de sua região.
Jamais
quis aceitar o ofício de abadessa em Ferrara, mas foi longamente mestra de
noviças. O seu livro “As Sete Armas Espirituais” é uma síntese belíssima de sua
pedagogia espiritual. Na perspectiva de realizar uma nova fundação em Bolonha,
Catarina foi escolhida como abadessa, nas véspera da partida das fundadoras, em
cujo grupo ela já se contava. O
temor em relação à difícil missão que o Senhor lhe pedia fez com que adoecesse
gravemente naquela noite, tanto que pensavam as Irmãs que não sobreviveria. Mas
na manhã seguinte, como por um milagre, partia com quinze companheiras para
Bolonha, numa viagem memorável, em carruagem adaptada como clausura, que o povo
acompanhava ou aclamava com júbilo. É o ano de 1456. Em pouco tempo o número de
Irmãs em Bolonha se vê multiplicado. A fama de santidade de Catarina atrai
muitas jovens. A própria mãe de Catarina e sua irmã se fazem clarissas. O
Mosteiro Corpus Domini de Bolonha torna-se um verdadeiro centro espiritual
naquela cidade de douta cultura. O número de Clarissas rapidamente chega a sessenta.
Dentre as mais fiéis colaboradoras que Catarina teve no trabalho de implantação
do ideal de Santa Clara, estão as Bem-aventuradas: Giovana Lambertini (+1476),
Paula Mezzavaca (1426-1482) e Iluminata Bembo (+1496). Todas elas ingressaram
em Ferrara, antes da observância da Regra de Santa Clara; participaram do grupo
que fundou o Mosteiro de Bolonha e foram exemplares em seu testemunho de vida.
Iluminata foi a primeira biógrafa de Santa Catarina. Seu manuscrito “Espelho de
Iluminação” conserva-se atualmente no Mosteiro Corpus Domini de Bolonha, com as
obras pessoais de Catarina: As Armas necessárias às batalhas espirituais,
Breviário, Tratado sobre o modo de comportar-se nas tentações, Regras de vida
religiosa, Louvores e dovoções, Cartas, Louvores espirituais e poesias, todos
manuscritos autógrafos, alguns inéditos. A partir de 1461, Catarina passa por
períodos sucessivos de grave doença, até sua morte a 9 de março de 1463. Foi
beatificada pelo Papa Clemente VII. Em 1712, Clemente XI declarou-a santa. Seu corpo se conserva incorrupto, em perfeito estado de conservação e flexível, em exposição por mais de 500 anos em posição sentada, na Igreja do Mosteiro Corpus Domini. A cada dois anos é realizado um exame raio X que comprova a integridade de sua coluna vertebral.
Está
sentada, com a Regra de Santa Clara nas mãos. É um dos casos mais interessantes
na história! A festa de Santa Catarina se celebra no dia 9 de maio.
História da vida de Santa Catarina de Bolonha (Bologna)
BIBLIOGRAFIA
LAINATI, Chiara Augusta - Temi Spirituali dagli Scritti del Secondo Ordine Francescano. Santa Maria degli Angeli, Assisi 1970.
RICCIARDI, Renzo, Santa Caterine da Bologne Scuola Grafica Salesiana, Bologna 1970
MUCCIOLI, Maurizio - Santa Caterine da Bologne - M¡stica del Quattrocento. Antoniano Ed Nigrizia. Bologna 1963
http://catarinadebolonha.blogspot.com.br
http://revistacatolicos.blogspot.com.br/2012/04/rec-reflexoes-e-estudos-catolicos_19.html