domingo, 31 de dezembro de 2000

Santa Catarina Labouré



Em fins de 1858, corriam por Paris notícias a respeito das aparições de Nossa Senhora a uma camponesa dos Pirineus, em Lourdes, rincão de pouca relevância do território francês. Trocavam-se impressões sobre as extraordinárias curas constatadas após o uso das águas da miraculosa nascente da Gruta de Massabielle e, sobre tudo, comentava-se a celebridade da jovem vidente, Bernadete Soubirous, cuja despretensão e inabalável fé suscitavam a admiração do povo, que já a venerava como santa.
Difundindo-se célere pela capital francesa, a novidade chegou aos ouvidos também das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, que serviam aos idosos do asilo de Enghien. Entabularam uma animada conversa, na qual se ouviu uma exclamação saída dos lábios de uma religiosa que, embora discreta, mostrava-se tomada por veemente entusiasmo naquele momento: “E a mesma!”.1 Nenhuma delas alcançou o significado destas palavras. Entreolhando-se com estranheza, continuaram a falar, como se nada tivessem ouvido.





“Um arco-íris místico entre a Rue du Bac e Lourdes”

Em 1830, uma noviça da Casa-Mãe da Companhia das Filhas da Caridade, situada em Paris à Rue du Bac, também fora contemplada com aparições de Nossa Senhora, as quais já haviam adquirido fama mundial. Além de fazer importantes revelações sobre o futuro da Congregação e da França, a Mãe de Deus confiara à vidente a missão de mandar cunhar uma medalha através da qual Ela derramaria abundantes graças sobre o mundo. A distribuição dos primeiros exemplares deu-se em razão da epidemia de cólera que grassava por Paris, e foram tantas e tão surpreendentes as curas atribuídas ao uso dessa medalha —não sem razão denominada pelo povo de Milagrosa —, que em pouco tempo ela já se difundira por diversos países.




O nome da vidente, contudo, permanecia incógnito, mesmo entre suas irmãs de hábito. E só foi revelado após sua morte: era a silenciosa, diligente e sempre bem humorada Irmã Catarina Labouré! Seus olhos azuis, serenos e límpidos, brilhavam de alegria ao ouvir falar pela primeira vez das recentes aparições de Lourdes, um eco das ocorridas na Rue du Bac. Era outra luz que despontava no mesmo caminho de misericórdia traçado pela Rainha do Céu para conduzir a humanidade a um novo tempo de graças marianas.



Não havia dúvida, era “a mesma”! À noviça de Paris, a Virgem ensinara a fórmula para invocá-La: “O Maria concebida sem pecado”. A Bernadete, assim se apresentara: “Eu sou a Imaculada Conceição”. Exultante de contentamento, Irmã Catarina passou a nutrir profunda admiração pela nova vidente, embora não a conhecesse. Não sabia ela que, em Lourdes, Bernadete trazia ao pescoço a Medalha Milagrosa quando viu a Mãe de Deus, e provavelmente nutria em seu coração nobres sentimentos de veneração pela incógnita vidente da Virgem da Medalha… Pelo prisma sobrenatural, havia uma estreita união de almas das duas santas, formando “como que um arco-íris místico entre a Rue du Bac e Lourdes”.2

Santa Bernadete dava provas de heróica humildade, restituindo à Rainha do Céu as honras e louvores que o povo lhe tributava. Santa Catarina praticava de modo diferente igual humildade: vivia entregue às mais modestas funções no asilo de Enghien, onde serviu aos idosos e pobres durante mais de quarenta anos.


Infância nimbada de fé e seriedade

Quando Catarina nasceu, em 2 de maio de 1806, permaneciam ainda na França as chagas da irreligião abertas pela Revolução de 1789. No pequeno povoado borgonhês de Fain-lès-Moutiers, onde a família Labouré residia, não havia sacerdote. Para batizar a recém-nascida, foi preciso chamar o pároco do lugarejo vizinho. Apesar da generalizada negligência religiosa do tempo, da qual não se excluía seu pai, Pedro Labouré, a fé de Catarina e de seus nove irmãos foi salvaguardada e fortalecida graças ao empenho da mãe, Madalena Gontard, cuja principal preocupação na educação dos filhos foi inculcar-lhes uma ilimitada confiança na Santíssima Virgem.

Os primeiros anos de Zoé — assim se chamava nossa santa, antes do ingresso na vida religiosa — transcorreram sem nuvens, em meio às alegrias de uma infância perfumada pela inocência. Adquiriu desde cedo gosto pela oração e não hesitava em abandonar os infantis divertimentos quando a mãe a chamava para rezarem juntas diante da singela imagem de Nossa Senhora entronizada numa sala da residência.




Dotada de um precoce senso de responsabilidade e seriedade, Zoé logo percebeu as dificuldades da mãe na execução das árduas tarefas de manutenção da casa, e resolveu ajudá-la. Antes de completar oito anos, já sabia costurar, ordenhar as vacas, preparar a sopa e varrer o chão. E a compenetração que a movia a abraçar com alegria a monótona faina diária — tanto no lar, durante a infância e juventude, quanto no asilo de Enghien, ao longo de mais de quatro décadas — foi por ela mesma explicitada com palavras simples e cheias de luz:
“Quando se faz a vontade de Deus, jamais se sente tédio”.3



Uma graça transformante

Aos nove anos de idade, a pequena Zoé viu o horizonte de sua I vida toldar-se pela tragédia: em outubro de 1815, faleceu sua mãe. Ao contemplar seu corpo inerte, chorou copiosamente, mas não por muito tempo, pois ela própria lhe havia ensinado a quem recorrer nos momentos de aflição. Passado o primeiro choque, dirigiu-se à sala onde se encontrava a imagem de Nossa Senhora, diante da qual tantas vezes rezara em companhia da mãe. Resoluta, subiu numa cadeira para pôr-se à altura da imagem, abraçou-a e exclamou, entre soluços: “De agora em diante, Vós sereis minha Mãe!”.4 A resposta da Rainha do Céu foi imediata. A menina, que ali chegara débil e desfeita em lágrimas, retirou-se forte e disposta a enfrentar as adversidades. Foi essa a última vez que ela chorou na vida, pois a virtude da fortaleza a acompanhou num crescendo o até o fim de seus dias.




Em 1871, quando já era uma religiosa de 65 anos, o movimento revolucionário da Comuna de Paris proporcionou-lhe diversas ocasiões de manifestar, com heroísmo, essa virtude. Um dia, por exemplo, tomou a iniciativa de dirigir-se ao quartel-general dos insurrectos para defender sua superiora, contra quem fora expedida uma ordem de detenção. Expôs seus argumentos com tal firmeza ante quase sessenta comuneiros ali presentes que terminou por sair vitoriosa. Impressionados, os revolucionários passaram a tratá-la com muita deferência; chegaram inclusive a pedir-lhe para depor no julgamento de uma prisioneira, e tomaram seu depoimento, favorável à ré, como última palavra no caso.

Um desdobramento dessa graça recebida na infância foi a constância de ânimo com a qual suportou as inúmeras manifestações de impaciência e incredulidade de seu confessor quando, por ordem de Nossa Senhora, lhe relatava as visões havidas. Poucos meses antes de sua morte, ela confidenciou à superiora que a atitude desse sacerdote constituíra para ela um verdadeiro martírio. Ela padeceu com a fortaleza dos mártires esse holocausto silencioso, que lhe fora anunciado pela própria Santíssima Virgem, na primeira de suas aparições: “Minha filha, o Bom Deus quer te encarregar de uma missão. Terás muitas dificuldades, mas as superarás, considerando que ages para a glória d’Ele. Saberás discernir o que vem do Bom Deus. Serás atormentada até que o digas àquele que está encarregado de te conduzir. Serás contraditada. Mas terás a graça. Não temas. Dize tudo com confiança e simplicidade. Tem confiança”.5




Uma verdadeira filha de São Vicente de Paulo

“Ficarás feliz em vir a mim. Deus tem designios a teu respeito”.6 Quando tinha cerca de 14 anos, Catarina ouviu em sonho estas palavras dirigidas a ela por um sacerdote desconhecido, cujo olhar penetrante e cheio de luz gravou-se para sempre em sua lembrança. Alguns anos mais tarde, visitando uma casa das Filhas da Caridade, deparou-se com um quadro do fundador da Congregação,- São Vicente de Paulo, em cuja fisionomia reconheceu o sacerdote do sonho. Ficou-lhe clara, então, a vocação à qual já se sentira tantas vezes atraída: seria filha de São Vicente!


Entretanto, quando no seu 21 aniversário, em 2 de maio de 1827, anunciou em casa sua decisão, o pai se opôs taxativamente. Após tentar, em vão, dissuadi-la de abraçar a vida religiosa, ele a enviou a Paris, para trabalhar no restaurante de um de seus irmãos, na ilusão de que ali ela acabaria por encontrar um bom partido e casar-se.

Aquele ambiente, porém, frequentado por operários rudes e muitas vezes imodestos, não fez senão fortalecer a pureza ilibada da jovem. Tal era seu amor pela vocação que já se portava como uma autêntica Filha da Caridade, cumprindo com perfeição as recomendações feitas pelo Santo às suas filhas espirituais, entre as quais esta: “Se às religiosas [de clausura] é exigido um grau de perfeição, às Filhas da Caridade devem ser exigidos dois”.7

Catarina não desejava outra coisa senão abraçar por inteiro essa ousada meta, e perseverou em seu propósito até vencer a obstinação do pai. “Se observarmos bem as pequenas coisas, faremos bem as grandes”,8 escreveria ela, décadas mais tarde, ao terminar um período de exercícios espirituais.




A confiança e a simplicidade de uma alma inocente

Finalmente, em 21 de abril de 1830, Catarina chegou ao Convento da Rue du Bac. O Conselho das Superioras logo discerniu nela uma autêntica vocação: “Tem 23 anos e convém muito à nossa comunidade: piedosa, bom caráter, temperamento forte, amor ao trabalho e muito alegre”,9foi o parecer escrito a seu respeito. Ademais, era uma genuína camponesa, tal qual desejava São Vicente, que tomara os bons predicados das aldeãs como base natural para perfilar o ideal de virtude das Filhas da Caridade. E, quer na vida comunitária, quer no serviço dos pobres, e mesmo durante as manifestações sobrenaturais das quais foi objeto, sempre brilhou em Irmã Catarina uma das virtudes mais amadas pelo Santo Fundador: a simplicidade de coração.

“O espírito das camponesas é simplíssimo: nem rastro de fingimento nem palavras de duplo sentido; não são teimosas nem apegadas às suas opiniões. [...] Assim, minhas filhas, devem ser as Filhas da Caridade, e sabereis que o sois se fordes simples, sem recalcitrâncias, submissas ao parecer dos outros e cândidas em vossas palavras, e se vossos corações não pensarem uma coisa enquanto vossas bocas pronunciam outra”.10 Este ideal delineado por São Vicente encontrou, quase dois séculos depois, perfeita realização na alma desta dileta filha.

Na semana seguinte à sua chegada ao convento, apareceu-lhe três vezes, em dias consecutivos, o coração de São Vicente, prenunciando as iminentes desgraças que se abateriam sobre a França, com a promessa de que as duas Congregações por ele fundadas não pereceriam. A feliz noviça teve a graça de ver também Cristo presente na Sagrada Hóstia, durante todo o tempo de seu noviciado, “exceto todas as vezes que eu duvidava”,11 confidenciou ela.

Imbuída da Fé que move as montanhas e atrai a benevolência de Deus, Catarina não titubeou em pedir mais: queria ver Nossa Senhora. Na véspera da festa do Fundador — que então se comemorava a 19 de julho —, confiou-lhe seu desejo numa breve oração e foi dormir esperançosa: “Deitei-me com a ideia de que naquela mesma noite veria minha boa Mãe. Havia muito tempo que queria vê-La”.12E foi generosamente atendida, não só “naquela mesma noite”, como também em duas outras aparições, uma em novembro e outra em dezembro do mesmo ano de 1830.


Altar onde Nossa Senhora apareceu,
 e poltrona onde Nossa Senhora sentou.


Com o passar dos anos, intensificou-se nela a confiança filial e ilimitada que depositava nesses três pilares de devoção, a tal ponto que, pouco antes de falecer, ela não pôde esconder o espanto quando a superiora lhe perguntou se não tinha medo da morte: “Por que temeria ir ver Nosso Senhor, sua Mãe e São Vicente’?”.13




“A Santíssima Virgem escolheu bem”

Santa Catarina jamais violou o segredo acerca de sua condição de vidente e mensageira das aparições da Medalha Milagrosa. Contudo, muitas pessoas chegaram a vislumbrar nela a predileta da Rainha do Céu, tal era seu amor a Deus, não só afetivo, pois inegável era sua ardorosa piedade, mas também efetivo, como o testemunhou uma de suas contemporâneas: “Suas ações, em si mesmas ordinárias, ela as fazia de maneira extraordinária”.14 Havia nela algo de discreto, alcandorado e inefável.




Sua santidade era a principal mantenedora do segredo. Às irmãs que ousaram interpelá-la nesse sentido, sua resposta consistiu sempre num absoluto silêncio. Um silêncio nascido da humildade, sem nada de taciturno nem de ríspido; pelo contrário, um silêncio sacral, que chegava a despertar veneração.



Quando, após sua morte, foi anunciado às Filhas da Caridade o nome da vidente da Rue du Bac, tiveram elas uma reação marcada mais pela admiração do que pela surpresa. Não era difícil associar a exemplar irmã à figura — já um tanto mitificada — da vidente ignota. E era impossível não ficarem deslumbradas ao constatar a excelência de sua humildade, que a mantivera no anonimato, embora exercendo uma missão de alcance universal.
'

Quiçá naquele momento tenha ocorrido à lembrança das irmãs o ingênuo dito que as crianças do orfanato dirigido pelas Filhas da Caridade costumavam repetir entre si, observando de longe a Irmã Catarina Labouré: “A Santíssima Virgem escolheu bem”.15 Teriam sido estas palavras, tão verdadeiras, mero fruto da imaginação infantil ou haveria Deus, mais uma vez na História, revelado aos pequeninos os mistérios ocultados aos sábios e entendidos?









Sem embargo, mais luminosa que o heroico silêncio é a lição de confiança filial deixada por Santa Catarina na Mãe que nunca desampara. “A confiança tem sempre esse prêmio. Pedindo com confiança, recebe-se mais, com mais certeza e mais abundantemente. A confiança abre-nos o Sapiencial e Imaculado Coração de Maria”.16





Vídeo da História da Medalha Milagrosa



Referências

Adaptado de: http://ifte.blog.arautos.org/tag/filhas-da-caridade-de-sao-vicente-de-paulo/

sexta-feira, 22 de dezembro de 2000

Santa Francisca Xavier Cabrini


Filha de família pobre, cresceu em meio à miséria que pairava, em meados do século XIX, no norte da Itália. Franzina, de saúde fraca, não conseguiu ser aceita nos conventos. Apesar disso, era dona de uma alma grandiosa, digna de figurar entre os santos. Assim pode ser definida santa Francisca Cabrini, com sua vida voltada somente para a caridade e o bem do próximo.



Francisca Cabrini foi a penúltima de quinze filhos de Antônio e Estela, camponeses muito pobres na pequena Santo Ângelo Lodigiano, região da Lombardia. Nascida em 15 de julho de 1850, desde pequena se entusiasmava ao ler a vida dos santos. A preferida era a de são Francisco Xavier, a quem venerou tanto que assumiu seu sobrenome, se auto-intitulando Xavier. Sua infância e adolescência foram tristes e simples, cheia de sacrifícios e pesares.



Foto de Santa Francisca

Francisca, porém, gostava tanto de ler e se aplicava de tal forma nos estudos que seus pais fizeram o possível para que ela pudesse tornar-se professora.



Mal se viu formada, porém, encontrou-se órfã. No prazo de um ano perdeu o pai e a mãe. Enquanto lecionava e atuava em obras de caridade em sua cidade, acalentava o sonho de entregar-se de vez à vida religiosa. Aos poucos, foi criando coragem e, por fim, pediu admissão em dois conventos, mas não foi aceita em nenhum. A causa era a sua fragilidade física. Mas também influiu a displicência e o egoísmo do padre da paróquia, que a queria trabalhando junto dele nas obras de caridade da comunidade.



Francisca, embora decepcionada, nunca desistiu do sonho. Passado o tempo, quando já tinha trinta anos de idade, desabafou com um bispo o quanto desejava abraçar uma obra missionária e esse a aconselhou: "Quer ser missionária? Pois se não existe ainda um instituto feminino para esse fim, funde um". Foi, exatamente, o que ela fez.
 

Com o auxílio do vigário, em 1877 fundou o Instituto das Irmãs Missionárias do Sagrado Coração de Jesus, que colocou sob a proteção de são Francisco Xavier. Ainda: obteve o apoio do papa Leão XIII, que apontou o alvo para as missões de Francisca: "O Ocidente, não o Oriente, como fez são Francisco". Era o período das grandes migrações rumo às Américas por causa das guerras que assolavam a Itália. As pessoas chegavam aos cais do Novo Mundo desorientadas, necessitadas de apoio, solidariedade e, sobretudo, orientação espiritual. Francisca preparou missionárias dispostas e plenas de fé, como ela, para acompanhar os imigrantes em sua nova jornada.
 

Tinham o objetivo de fundar, nas terras aonde chegavam, hospitais, asilos e escolas que lhes possibilitassem calor humano, amparo e conforto.

Em trinta anos de intensa atividade, Francisca Cabrini fundou sessenta e sete Casas na Itália, França e nas Américas, no Brasil inclusive. Mais de trinta vezes cruzou os oceanos aquela "pequena e fraca professora lombarda", que enfrentava, destemida, as autoridades políticas em defesa dos direitos de seus imigrantes nos novos lares.




Madre Cabrini, como era popularmente chamada, morreu em Chicago, Estados Unidos, em 22 de dezembro de 1917. Solenemente, seu corpo foi transportado para New York, onde o sepultaram na capela anexa à Escola Madre Cabrini, para ficar mais próxima dos imigrantes. Canonizada em 1946, santa Francisca Xavier Cabrini é festejada no mundo todo, no dia de sua morte, como padroeira dos imigrantes.
 


Filme da vida de Santa Francisca Xavier Cabrini


Filme mais antigo

sexta-feira, 15 de dezembro de 2000

Santa Maria Crucifixa di Rosa



“Portanto, com o amor tudo sofrerei, 
tudo farei e tudo vencerei.” 
(Santa Maria Crucifixa Di Rosa)
  

No dia 6 de novembro de 1813 em Bréscia, nasce Paula, filha do nobre Clemente Di Rosa e da condessa Camilla Albani de Bergamo. Ainda criança fica órfã de mãe, sendo confiada às religiosas pelo pai. E é nesse ambiente propício à espiritualidade e paz que Paula se sobressai, demonstrando seu caráter piedoso e firme. Aos 17 anos retorna à família, revelando um coração sensível e generoso, e ao mesmo tempo perspicácia e inteligência.
Mesmo vindo de uma família rica, opta por uma vida humilde e de oração, consolidando-se na profissão religiosa, em que assumirá o nome de Maria Crucifixa, e na devoção ao Espírito Santo, à Eucaristia e ao Sagrado Coração de Jesus.


 Em 1838, surge uma epidemia de cólera e Paula com seu espírito de caridade, assiste e conforta os doentes, iniciando um processo de amadurecimento de sua alma, num serviço incansável de doação. E é nessa mescla de entrega e solidariedade, que Cristo lhe inspira a fundar um instituto religioso. E assim as aspirações foram criando formas e, em 1º de maio de 1840, Paula e suas companheiras dão nome ao sonho: “Servas da Caridade”, que é sinônimo de: servas, empregadas, escravas da caridade, congregação esta que alimenta até hoje os ideais de Paula.


“As almas fortes 
não deixam que os ideais se apaguem 
em esperas inúteis”, era o que dizia.

Em 15 de dezembro de 1855, com 42 anos a alma da Irmã Maria Crucifixa vai ao encontro de Cristo. Houve o processo de beatificação pela Igreja Católica, e em 12 de junho de 1954 é proclamada Santa Maria Crucifixa di Rosa, intercedendo por nós junto a Deus na realização dos milagres.


Que Santa Maria Crucifixa Di Rosa, seja um modelo para nós, através de sua fé, doação e perseverança, revelados pela força da oração. Virtudes essas que todos nós cristãos batizados, devemos ter presentes em nossas vidas, na busca incessante da santidade em meio às fragilidades humanas.

Fonte: http://www.portalimaculada.com/servas-da-caridade/

Santa Virgínia Centurione Bracelli



Virgínia, riquíssima, filha de um doge da República de Gênova, nasceu em 2 de abril de 1587. O pai, Jorge Centurioni, era um conselheiro da República. A mãe, Leila Spinola, era uma dama da sociedade, católica fervorosa e atuante nas obras de caridade aos pobres. Propiciou à filha uma infância reservada, pia e voltada para os estudos. Mesmo com vocação para a vida religiosa, Virgínia teve de casar, aos quinze anos, por vontade paterna, com Gaspar Grimaldi Bracelli, nobre também muito rico. Teve duas filhas, Leila e Isabela. Esposa dedicada, cuidou do marido na longa enfermidade que o acometeu, a tuberculose. Levou-o, mesmo, para a Alexandria, em busca da cura para a doença, o que não aconteceu. Gaspar morreu em 1607, feliz por sempre ter sido assistido por ela.

 

Ficou viúva aos vinte anos de idade. Assim, jovem, entendeu o fato como um chamado direto de Deus. Era vontade de Deus que ela o servisse através dos mais pobres. Por isso conciliou os seus deveres do lar, de mãe e de administradora com essa sua particular motivação. O objeto de sua atenção, e depois sua principal atividade, era a organização de uma rede completa de serviços de assistência social aos marginalizados. O intuito era que não tivessem qualquer possibilidade de ofender a Deus, dando-lhes condições para o trabalho e o sustento com suas próprias mãos.



Desenvolvia e promovia as "Obras das Paróquias Pobres" das regiões rurais conseguindo doações em dinheiro e roupas. Mais tarde, com as duas filhas já casadas, passou a dedicar-se, também, ao atendimento dos menores carentes abandonados, dos idosos e dos doentes. Fundou uma escola de treinamento profissional para os jovens pobres. Numa fria noite de inverno, quando à sua porta bateu uma menina abandonada pedindo acolhida, sentiu uma grande inspiração, que só pôs em prática após alguns anos de amadurecimento.

Finalmente, em 1626, doou todos os seus bens aos pobres, fundou as "Cem Damas da Misericórdia, Protetoras dos Pobres de Jesus Cristo" e entrou para a vida religiosa. Enquanto explicava o catecismo às crianças, pregava o Evangelho. As inúmeras obras fundadas encontravam um ponto de encontro nas chamadas "Obras de Nossa Senhora do Refúgio", que instalou num velho convento do monte Calvário. Logo o local ficou pequeno para as "filhas" com hábito e as "filhas" sem hábito, todas financiadas pelas ricas famílias genovesas. Ela, então, fundou outra Casa, depois mais outra e, assim, elas se multiplicaram.




sua atividade era incrível, só explicável pela fé e total confiança em Deus. Virgínia foi uma grande mística, mas diferente; agraciada com dons especiais, como êxtases, visões, conversas interiores, assimilava as mensagens divinas e as concretizava em obras assistenciais. No seu legado, não incluiu obras escritas. Morreu no dia 15 de dezembro de 1651, com sessenta e quatro anos de idade, com fama de santidade, na Casa-mãe de Carignano, em Gênova. A devoção aumentou em 1801, quando seu túmulo foi aberto e seu corpo encontrado intacto, como se estivesse apenas dormindo. Reavivada a fé, as graças por sua intercessão intensificaram-se em todo o mundo.


Duas congregações distintas e paralelas caminham pelo mundo, projetando o carisma de sua fundadora: a Congregação das Irmãs de Nossa Senhora do Refúgio no Monte Calvário, com sede em Gênova; e a Congregação das Filhas de Nossa Senhora do Monte Calvário, com sede em Roma.


 

Virgínia foi beatificada em 1985. O mesmo papa que a beatificou, João Paulo II, declarou-a santa em 2003. O seu corpo é venerado na capela da Casa-mãe da Congregação, em Gênova, com uma festa especial no dia de sua morte. Mas suas "irmãs" e "filhas" também a homenageiam no dia 7 de maio, data em que santa Virgínia Centurione Bracelli vestiu hábito religioso.


quarta-feira, 13 de dezembro de 2000

Santa Luzia de Siracusa

 






Corpo intacto de Santa Luzia de Siracusa



Fonte: https://br.pinterest.com/pin/511158626430032846/

https://external-content.duckduckgo.com/iu/?u=http%3A%2F%2F2.bp.blogspot.com%2F_pliUfProwBc%2FR2HUyj2UqnI%2FAAAAAAAAADA%2F-XD04IJG2pk%2Fw1200-h630-p-k-no-nu%2F25550AB.jpg&f=1&nofb=1

https://orbiscatholicussecundus.blogspot.com/2011/01/from-venice-tomb-of-st-lucy.html



quinta-feira, 7 de dezembro de 2000

Santo Ambrósio de Milão


Conselheiro e pai espiritual de três imperadores romanos, Graciano, Valentiniano II e Teodósio I, Ambrósio é o símbolo da Igreja nascente, após os sofridos anos de perseguições e vida escondida. Foi graças à sua atuação que a Igreja de Roma conseguiu tratar com o poder público sem servilismo.
 

Tanto que Ambrósio chegou a repreender asperamente o imperador Teodósio I, obrigando-o a fazer uma penitência pública por ter massacrado a população da Tessalônica para conter uma revolta. A sua figura representa o ideal de bispo pastor, que se deve impor como símbolo de liberdade e de pacificação para o Povo de Deus.


Nasceu em Trèves, atual Alemanha, por volta do ano 339. Era de família cristã: seu pai era alto funcionário do Império Romano, governador de uma província do outro lado dos Alpes, no norte da Itália. Quando o pai morreu, a família foi para Roma, onde Ambrosio estudou direito, retórica e iniciou sua carreira jurídica.


Certa vez, estava em Milão quando o bispo morreu. Bom jurista e funcionário imperial, procurou evitar um conflito nas novas eleições eclesiásticas com um discurso firme e muito sensato. Foi tão sereno e equilibrado que, ao final, a assembléia o aclamou o novo bispo de Milão. Muito surpreso, recusou, dizendo que essa não era a sua intenção, até porque era um pecador, e não era ainda batizado, ainda se preparava para esse sacramento. Mas não adiantou. Logo foi batizado e consagrado.
 

Desde então, dedicou-se com afinco ao estudo das Sagradas Escrituras. Não era intelectual, mas suas obras litúrgicas, comentários sobre as Escrituras e tratados ascético-morais o fizeram especialista da doutrina cristã e da arte de administrar a comunidade cristã a ele confiada.
A marca do seu apostolado foi impressa pela importância que deu aos valores da virgindade de Maria e dos mártires de Cristo. Considerado o pai da liturgia ambrosiana, recebeu com mérito o título de doutor da Igreja.
 
 Os livros de sua autoria que chegaram até nós são, quase todos, a reprodução de suas pregações e sermões. Agostinho, convertido por ele e um dos seus ouvintes freqüentes, conta que o prestígio dos sermões do bispo Ambrósio de Milão era enorme, graças ao eficaz tom de voz e sua eloqüência com a escolha das palavras. Por isso foi chamado de "o apóstolo da amizade".

Morreu em Milão, em 4 de abril de 397, uma Sexta-Feira Santa. Santo Ambrósio é venerado no dia 7 de dezembro, data em que, no ano 374, foi aclamado pela população bispo de Milão.


segunda-feira, 4 de dezembro de 2000

Santa Bárbara de Nicomedia



A Grande Santa e Mártir, Bárbara viveu e sofreu durante o reinado do imperador Maximiano (305-311). Seu pai, um pagão de nome Dióscoro era um homem rico e ilustre da cidade fenícia de Heliópolis; como ele ficou viúvo muito cedo, voltou toda a sua atenção em devoção a sua filha única. Bárbara tinha uma beleza tão extraordinária que seu pai decidiu criá-la afastada dos olhos de estranhos. Para isso, ele construiu uma torre, na qual ela vivia, junto de seus tutores pagãos.


Do alto da torre, ela podia vislumbrar a imensidão da criação de Deus: durante o dia, ela via colinas cobertas de florestas, rios que cortavam a terra e campinas cobertas por flores de todas as cores do arco-íris; e, a noite, o impressionante espetáculo da harmonia e majestade dos céus estrelados. Logo a jovem donzela passou a se questionar sobre o Criador de um mundo tão esplêndido e harmonioso. Aos poucos ela foi se convencendo que os ídolos pagão eram criação das mãos humanas, e embora seu pai e tutores a ensinavam a adorá-los, os ídolos não se mostravam sábios ou divinos o suficiente para terem criado o mundo. O desejo de Bárbara de conhecer o Deus Verdadeiro, consumia sua alma de tal maneira, que ela decidiu devotar toda a sua vida a isto, vivendo em castidade.
  

Mas a fama de sua beleza espalhou-se pela cidade, e surgiram muitos pretendentes à sua mão. E apesar das súplicas de seu pai, ela recusou, dizendo-lhe que sua persistência poderia separá-los para sempre, tendo um final trágico. Dióscoro, então, decidiu que o temperamento de sua filha havia sido afetado por sua vida reclusa – ele, então, permitiu que ela deixasse a torre, concedendo-lhe a liberdade de escolha de seus amigos e conhecidos. Foi assim que a donzela conheceu na cidade, jovens cristãos, que lhe revelaram sobre os ensinamentos de Deus, a vida de Nosso Senhor, a Trindade e a Sabedoria Divina. Pela Providência Divina, após um certo tempo, um padre de Alexandria, disfarçado como mercador, chegou a Heliópolis, e posteriormente veio a batizar Bárbara.
  

Enquanto isso, um luxuoso quarto de banho estava sendo construído na casa de Dióscoro. Segundo suas ordens, os operários deveriam construir duas janelas na parede sul; mas Bárbara, aproveitando-se da ausência de seu pai, pediu-lhes para que fosse feita uma terceira janela, representando a Trindade. Sobre a entrada do quarto de banho Bárbara esculpiu em pedra uma cruz – segundo o hagiógrafo Simeão Metafrastes, certo tempo após a fonte que originalmente abastecia o quarto de banho ter secado, ela voltou a jorrar água com poderes curativos.





 Quando Dióscoro retornou, expressando insatisfação com as mudanças em sua obra, sua filha lhe contou sobre seu conhecimento do Deus Trino, sobre a salvação pelo Filho de Deus e da futilidade de adorar falsos ídolos.

Dióscoro imediatamente foi tomado pela fúria, tomando uma espada para matá-la; a jovem fugiu de seu pai, que partiu em sua perseguição; quando Santa Bárbara chegou a uma colina, nela abriu uma caverna para esconder-se no seu interior. Após uma busca longa e sem resultados por sua filha, Dióscoro viu dois pastores em uma colina. Um deles lhe mostrou a caverna onde a Santa havia se escondido – quando a encontrou, Dióscoro lhe deu uma surra terrível, para depois mantê-la em cativeiro, em um jejum forçado. Vendo que não conseguia vencer a fé de Santa Bárbara, ele a levou para Marciano, o governador da cidade. Juntos, eles voltaram a surrá-la e chicoteá-la, salgando suas feridas. À noite, a Santa Donzela rezou com fé ao Senhor, e Ele lhe apareceu em pessoa, curando seus ferimentos. Ela, então, sofreu tormentos mais cruéis ainda.

 Entre a multidão que se encontrava próximo ao local da tortura, havia uma cristã moradora de Heliópolis, de nome Juliana, e seu coração havia se enchido de compaixão pelo martírio voluntário da bela e ilustre donzela.  Também desejando se sacrificar por Cristo e sua fé, e começou a denunciar os torturadores em voz alta, sendo presa logo em seguida. Ambas a Santas Mártires foram torturadas por muito tempo; após serem flageladas, foram levadas pelas ruas da cidade, em meio à zombaria e escárnio da multidão.



Após a humilhação, as fiéis seguidoras de Cristo, Santas Bárbara e Juliana foram decapitadas. O próprio Dióscoro executou Santa Bárbara. A fúria de Deus não tardou a punir seus torturadores e executores: logo em seguida, Dióscoro e Marciano foram fulminados por raios e relâmpago.


No século VI, as relíquias da Santa Mártir Bárbara, foram transladados para Constantinopla. No século XII, a filha do Imperador Bizantino Aleixo Comenes, a princesa Bárbara, após contrair matrimônio com o príncipe russo Miguel Izyaslavich as transladou para Kiev, capital da atual Ucrânia. Hoje suas santas relíquias descansam intactas na Catedral de São Valdomiro em Kiev.

Festa litúrgica no dia 04 de dezembro

 





Fonte: http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/hagiografia/s_barbara.html